4 assuntos que bombaram no FISL18
Sobre o FISL18
O Fórum Internacional de Software Livre 2018, nos dias 11 a 14 de julho, foi realizado em Porto Alegre, e desde o ano 2000, o FISL18, como é carinhosamente chamado, conseguiu reunir um público de mais de 1.565 pessoas e 45 caravanas.
Neste ano durante o FISL18, foram 334 palestras no total, apresentando temáticas sobre os aspectos técnicos de desenvolvimento, programação de software livre e a medicina 4.0, dentre outras. Números estes considerados expressivos porque no ano anterior o evento não foi realizado por falta de patrocínio.
Mesmo em menor porte comparado aos últimos eventos, as palestras não decepcionaram. Contando até com o ilustre Jon "Maddog" Hall e seus 50 anos de experiência com o Software Livre. Aqui neste post estão separados 4 assuntos que se destacaram no FISL18. Acompanhe.
Docker e Containers
O queridinho de todos estava no FISL18. O Docker contou com um número expressivo de palestras. Assuntos como o gerenciador Swarm, análise de seguranças de contêineres, Dockers para bancos de dados, o orquestrador Kubernetes e até como criar aplicações GUI com contêineres.
O Docker é uma tecnologia de software que fornece contêineres, promovido pela empresa Docker, Inc., oferecendo uma camada adicional de abstração e automação de virtualização de nível de sistema operacional no Windows e Linux.
Ele usa as características de isolação de recurso do núcleo do Linux para permitir "contêineres" independentes executarem dentro de uma única instância Linux, evitando a sobrecarga de iniciar e manter máquinas virtuais (VMs).
Para fechar com chave de ouro o Docker também possui uma das maiores comunidades de software livre, contando com muitas documentações online e eventos dedicados somente a essa tecnologia.
Subutai
Não faltou durante o FISL18. Com grandes empresas dominando o mercado da Cloud Computing, uma dúvida preocupa bastante as pessoas, o que faz surgir a pergunta: “Onde os meus dados vão ficar?”. A resposta é: Subutai! Nome este que faz memória a um dos grandes generais estrategistas do Exército Mongol. É o novo queridinho de Jon "Maddog" Hall e produto de sua empresa OptDyn.
O Subutai é a resposta open source de Maddog a esta dúvida. “O código aberto continua sendo um fator chave para a inovação, estamos entusiasmados em compartilhar nosso conhecimento de novos modelos de negócio baseados em código aberto, que democratizam a nuvem e sejam adequados para usuários de todo o mundo. É um prazer lançar o Subutai 6.0 e outros produtos da OptDyn na América Latina.”, explicou Hall.
Ela é a primeira plataforma de serviços computadorizados em nuvem Peer-to-Peer segura, que possibilita ambientes em nuvem privados e dinâmicos através de infraestruturas e dispositivos. Como cliente, você pode escolher seus Peers ao redor do mundo e agrupá-los em um “environment”.
Assim, os Peers agrupados autenticam-se mutuamente criando uma rede virtual (VPN), e quando a VPN é estabelecida, seu ambiente está criptografado. Com isso, você pode fazer deploy da sua aplicação e o Subutai criará containers linux nesses Peers, oferecendo então um modelo de containers como serviço (CaaS). Futuramente, os proprietários dos Peers poderão estipular uma cortesia pela hora consumida, e isso será pago utilizando uma tecnologia de Blockchain.
Além desta plataforma, a OptDyn ainda possui o Subutai Bazaar, chamado de “o Airbnb de recursos computacionais”, um marketplace onde qualquer pessoa pode comprar, compartilhar, vender ou alugar estes recursos computacionais. Este sistema possui sua própria moeda interna, conhecida como “GoodWill” e utiliza a Khan, uma criptomoeda baseada na famosa Ethereum, e que também utiliza a Blockchain.
Hackerspaces
Durante o FISL18 respondemos a pergunta: O que é um hacker? Este termo utilizado e difundido na cultura pop, representa um indivíduo que possui grande paixão em conhecer e modificar os aspectos mais internos de dispositivos. Às vezes, até contornando barreiras legais, que supostamente deveriam impedir o acesso a certos sistemas e dados. Um hacker frequentemente consegue obter soluções que ultrapassam os limites dos sistemas como previstos por seus criadores, e nesta filosofia diversas pessoas pelo mundo se basearam para fundar os hackerspaces.
Hackerpace é um espaço físico informal que possui internet, tecnologias voltadas para desenvolvimentos de projetos, e o mais importante, é formado por indivíduos com muita vontade de aprender e trocar novas experiências.
As formações dos membros sãos diversificadas e nesses locais ocorrem atividades como palestras e workshops, normalmente abertos ao público em geral. Podem ser mantidos por mensalidades dos membros, doações avulsas ou até, em alguns casos, da Universidade a qual está ligado.
A ideia principal não é o desenvolvimento ou criação de produtos para comercialização. Como é um lugar de alto teor criativo muitas ideias vão sendo desenvolvidas, novas tecnologias sempre acabam sendo criadas, contudo o foco principal é o desenvolvimento, a interação e o estudo.
Muitos hackerspaces buscam ainda projetos que tem como foco principal problemas comunitários, criando uma conexão direta com a comunidade local. O que compactua bastante com os ideais do software livre.
O primeiro hackerplace fundado foi o c-base, localizado em Berlim na Alemanha, no ano de 1981. O primeiro hackerspace brasileiro foi o Garoa Hacker Clube, localizado na cidade de São Paulo, fundado em 2009, muito frequentado por oferecer diversas atividades, desde a impressão 3D até a fabricação de cerveja. Atualmente, existem por volta de 2300 hackerspaces ativos pelo mundo.
Caninos Loucos
Tendo como propósito deixar acessível à população as Single Board Computers, foi criado o programa Caninos Loucos, termo divulgado durante o FISL18. Ele desenvolve Single Board Computers (SBCs) com estrutura totalmente aberta, hardware e software, para Internet das Coisas (IoT).
O Programa quer formar uma comunidade de desenvolvedores para uso da tecnologia de Internet of Things no meio industrial e disseminar a aprendizagem de eletrônica embarcada no Brasil. É uma iniciativa do Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI-TEC) com o apoio da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e do Jon “Maddog” Hall, Diretor do Conselho do Linux Professional Institute.
Atualmente, possui a placa Labrador que chegou para rivalizar com a famosa Raspberry Pi. Ela possui detalhes técnicos incríveis, ultrapassando o poder computacional das melhores placas atuais. Ainda não é possível comprá-las, mas é possível se inscrever no site para ser um dos primeiros a adquirir essa belezinha.
Software Livre, ativismo e resistência
Não podemos esquecer o principal motivo que levou quase 1600 pessoas para o FISL18 em pleno inverno Porto Alegrense. O Software Livre é um movimento social, que tem como objetivo garantir certas liberdades para usuários de software, ou seja, a liberdade de executar, estudar, modificar e redistribuir cópias, com ou sem alterações do software.
Embora tenha sua base em filosofias que vieram de membros da cultura hacker na década de 1970, Richard Stallman formalmente fundou o movimento em 1983 com o lançamento do Projeto GNU. Logo após isso, em 1985, ele também fundou a Free Software Foundation para apoiar e alavancar o movimento.
Os membros do movimento Software Livre acreditam que todos os usuários devem ter as liberdades listadas na Definição de Software Livre. Afirmando que é imoral impedir as pessoas de exercer essas liberdades, já que são necessárias para criar uma sociedade onde os usuários de software podem ajudar uns aos outros, e também possuir o controle sobre seus dados. Aqui a Definição de Software Livre:
- A liberdade de executar o programa como quiser, para qualquer propósito (liberdade 0).
- A liberdade de estudar como o programa funciona, e alterá-lo para que ele faça sua computação como você deseja (liberdade 1). Acesso ao código fonte é um pré-requisito para isso.
- A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu próximo (liberdade 2).
- A liberdade de distribuir cópias de suas versões modificadas para os outros (liberdade 3). Ao fazer isso você pode dar toda a comunidade a oportunidade de se beneficiar de suas alterações. Acesso ao código fonte é um pré-requisito para isso.
Se você compactua com algum dos ideais do Movimento Software Livre, ou gostou de alguma das tecnologias apresentadas, quem sabe você consiga participar do próximo FISL 19? O evento de 2019 já está com data marcada de 10 a 13 de julho. A comunidade do Software Livre é uma das mais abertas a novas pessoas. Então escreva sua palestra e nos vemos lá!
Foto da capa: TecMundo