Comércio eletrônico afirma crescimento em meio a crise no Brasil
De acordo com a pesquisa anual sobre o comércio eletrônico brasileiro apresentada no Fórum E-commerce Brasil 2015 em São Paulo, os dados do levantamento reforçam o Sudeste e Sul como duas principais regiões do e-commerce no país, com resultados semelhantes ao que foi observado no ano passado. Em uma questão de múltipla escolha, São Paulo se mostrou ser o principal mercado para 86% dos respondentes. O estado é seguido pelo Rio de Janeiro (71%), Minas Gerais (64%), Paraná (38%) e Rio Grande do Sul (34%).
O resultado está alinhado com o tamanho dos mercados consumidores nestas regiões e com o fato de mais de quatro quintos dos principais centros de distribuição de produtos do país ainda estarem divididos entre Sudeste (58% do total) e Sul (25%) do país. Seguem o Nordeste (10%), Centro-Oeste (5%) e Norte (2%). A pesquisa foi realizada em parceria entre E-commerce Brasil e Sebrae.
A surpresa, no entanto, ficou com a força da Bahia, que foi o oitavo principal mercado no ranqueamento nacional, apontado como um dos cinco principais mercados para 20% dos respondentes. O resultado da Bahia mostra uma tendência de crescimento do Nordeste e também no Norte para o e-commerce brasileiro, que deve continuar nos próximos anos.
"Em termos de venda, as regiões Norte e Nordeste foram as que mais cresceram. Na medida que você avança a infraestrutura de acesso a internet e melhora o nível de conhecimento das pessoas, isso favorece o e-commerce", explicou o Gerente do setor de e-commerce do Sebrae, Juarez de Paula. "Esse crescimento da Bahia deve se reproduzir depois em Pernambuco, no Ceará, e no Norte, no Pará e no Amazonas".
Outro dado levantado pelo Sebrae é que a taxa média de conversão de visitantes brasileiros no e-commerce hoje é de 1,5%, com um percentual de abandono de carrinho de 38%. Apesar de parecer alto, o índice é considerado "padrão" pelo Sebrae e é uma versão online daqueles consumidores que entram em uma loja física, experimentam um produto, mas acabam optando por não realizar a compra.
"O que a gente recomenda ao empresário é que busque pesquisar junto ao cliente as razões do abandono", sugeriu Juarez. "Se o abandono é por escolha do cliente, não há muito a fazer. Mas às vezes o abandono é por dificuldades de navegabilidade do site, o botão de compra não funcionou, não foi possível realizar o pagamento, isso é importante para o comerciante saber e tentar diminuir esse abandono". Entre os canais para concretização da venda online, os resultados foram semelhantes aos de 2014. A busca orgânica foi o principal meio para 78,9% dos respondentes, seguida pelo e-mail marketing (58,6%), links patrocinados (54,9%) e redes sociais (54,2%).
A a pesquisa levantou também pela primeira vez quais os principais segmentos do e-commerce no país, que mostraram o setor de Moda em primeiro lugar, com 33% do total do e-commerce brasileiro. Um dos destaques que surpreenderam representantes do setor foi o aparecimento do de Casa e Decoração, em segundo lugar, com 19% do total de vendas. Completam os cinco principais mercados os produtos de informática (12%), eletrônicos e telefonia (11%) e saúde (10%).
"Os setores do e-commerce são em geral bem similar ao que acontece no mundo físico", afirmou Juarez. "Mas o consumidor do mercado online busca duas coisas diferentes: por um lado é o preço, com a possibilidade que ele tem de pesquisar antes várias ofertas, e a conveniência, que é poder receber em casa, sem se deslocar. São duas coisas que influenciam essa compra, mas o comportamento é bem similar ao do cliente que vai à loja física".
O Sabrae não adianta previsões para os resultados da pesquisa do ano que vem, mas avalia que o setor de e-commerce deverá continuar crescendo no Brasil neste ano, apesar do momento de crise econômica — com a possibilidade de comparação de preços sendo um dos principais motivos que continuarão estimulando o setor. "O consumidor não pára de comprar: ele reduz a frequência, busca um produto mais barato, mas não vai parar e consumir", disse o pesquisador. "Mesmo com o momento de queda, a gente espera que o e-commerce vai ser menos afetado do que outros segmentos do varejo".
Além disso, o levantamento também detalhou melhor participação das Micro, Pequenas e Médias empresas no e-commerce nacional. Os dados coletados revelaram que quanto menor o empreendedor, maior é o uso do e-commerce: entre os microempreendedores individuais (MEI), 84% afirmaram possuir somente e-commerce, contra 16% que afirmaram usar e-commerce e loja física. Entre as Médias e Grandes empresas, o percentual se inverte: 26% usam apenas o e-commerce, contra 74% utilizando uma combinação de varejo físico e comércio online.
Entre os MEI, as redes sociais também mostraram desempenhar um papel mais importante para as vendas, apontadas como o segundo canal mais importante para concretização de vendas, por 65,3% do votos — atrás apenas do tráfego de busca orgânica, com 72,4% do total. "Essa é a vantagem das pequenas, elas são mais ágeis, têm mais facilidade e mais proximidade com o cliente. Isso é um ponto positivo", avaliou Juarez. Entre os Médios e Grandes vendedores do e-commerce, as redes sociais ficam em quinto lugar, atrás de ferramentas como e-mail marketing e links patrocinados.
Fonte: Canaltech