EuA adiam para 2016 plano de deixar supervisão da Internet
Contrato de supervisão da Internet dos EUA com administradora da rede acabaria em setembro. Casa Branca, porém, decidiu renová-lo e adiar transferência de controle.
O Departamento de Comércio dos Estados Unidos informou nesta segunda-feira (17) que adiou até setembro de 2016 seus planos de deixar a supervisão da empresa sem fins lucrativos que administra a infraestrutura e supervisão da internet.
O departamento comunicou que planeja renovar seu contrato com a Corporação para Atribuição de Nomes e Números na Internet (Icann, na sigla em inglês) por mais um ano.
A Icann foi criada em 1998 e já naquele ano passou a supervisionada pelo governo dos Estados Unidos por meio do Departamento de Comércio. Sediada na Califórnia, a empresa gerencia a atribuição de nomes e domínios de alto nível, como o ".com" e o ".net", a distribuição de protocolos de internet e a implantação na rede de novas regras técnicas.
A comunidade em torno da internet espera que o Departamento de Comércio abra gradualmente esse controle a membros de outros países além dos EUA. A transferência do bastão aconteceria ao fim do atual contrato com a Icann, em setembro deste ano.
O secretário-assistente para Comunicações e Informações, Lawrence Strickling, escreveu em um blog que o Departamento de Comércio chegou a essa decisão após os grupos que desenvolvem os documentos de transição afirmarem que eles precisariam adiar a data até setembro de 2016 pelo menos para concluir os processos pedidos e implementar suas propostas. "Isso se tornou cada vez mais evidente ao longo dos últimos meses que a comunidade precisa completar o seu trabalho, ter o plano revisto pelo governo norte-americano e assim implementá-lo se for aprovado", escreveu Strickling.
Dentre os 30 experts envolvidos na elaboração da proposta que foi submetida ao Departamento de Comércio dos EUA, três são do Brasil, país com o segundo maior número de representantes, atrás dos EUA.
O grupo brasileiro tem um dos pioneiros a implantar a rede no país e até agora o único brasileiro no Hall da Fama da Internet, Demi Getschko. Outros membros são o secretário-executivo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), Hartmut Glaser; e o diplomata Jandyr Ferreira dos Santos Junior, chefe da Divisão de Sociedade e Informação do Ministério das Relações Exteriores. O trabalho é tornar mais aberta a Corporação da Internet para Designação de Nomes e Números (ICANN, na sigla em inglês). A organização administra as funções fundamentais da internet, como distribuição de domínios (como “.com” e “.br) e IPs (códigos que permitem navegar na rede e são como uma identidade do acesso).
Quem são eles?
Os três brasileiros chegaram ao comitê de transição de forma diferente. Demi é o indicado da Sociedade da Internet (Isoc, na sigla em inglês); Glaser, da Organização de Suporte de Endereço; e Santos Junior, do comitê de governos que auxilia a Icann.
"O governo brasileiro defende que o esforço de elaboração de proposta de transição não deve se restringir a aspectos meramente técnicos", afirma Santos Junior. Ele defende a "participação dos governos no processo de decisão" da internet.
A reclamação é que o órgão que "controla" está na Califórnia e uma decisão da Justiça dos EUA poderia interferir na internet.
Dentro dos EUA, deixar de controlar a rede não é consenso e há resistência dos republicanos, que não veem com bons olhos transferir a supervisão para um grupo que pode vir a incluir países do "Eixo do Mal". "Por isso tentamos agilizar a discussão até o fim do mandato Obama", diz Fink, citando o presidente, que é democrata.
O processo em curso era tratado como um retorno às origens da internet. “Essa é a coisa mais importante que aconteceu para a ICANN. É uma espécie de maioridade para ela, como se pudesse se dirigir sozinha”, explica Daniel Fink, gerente da entidade no Brasil.
Fonte: G1