Setores de software e serviços de TI têm crescimento mais lento
O mercado brasileiro de software e serviços de tecnologia teve um crescimento mais lento em 2013 que o apresentado nos dois anos anteriores. Segundo estudo da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), encomendado à companhia de pesquisa IDC, o avanço foi de 10,1%, para US$ 25,94 bilhões. Em 2011 e 2012, o setor apresentou altas de 12,5% e 14,8%, respectivamente.
A desaceleração não está, porém, relacionada a um enfraquecimento da demanda. Segundo Denis Arcieri, presidente da IDC, dois fatores afetaram o resultado. O primeiro foi a desvalorização do real frente ao dólar em 2013. O outro aspecto é uma mudança na maneira como as empresas compram tecnologia no Brasil, que está tornando os processos de decisão mais longos.
Tradicionalmente, essa decisão ficava nas mãos do diretor de tecnologia. Nos últimos anos, no entanto, áreas como marketing e o departamento financeiro têm ganhado voz. Com mais gente participando do processo de escolha, diz Arcieri, a tendência é que haja mais demora nas decisões. "Há casos de empresas que perdem vendas porque a proposta fica muito técnica e não agrada à área de negócios", disse o executivo. Segundo ele, o adiamento de alguns projetos no ano passado pode ter impacto nos números do setor em 2014.
A estimativa da IDC é que gastos de US$ 6 bilhões são decididos fora da área de tecnologia no Brasil. É quase 10% do movimento total de US$ 61,6 bilhões em equipamentos, softwares e serviços vendidos no país no ano passado. O total representou um avanço de 15,4% na comparação com 2012, mais de três vezes a média global. Com isso, o Brasil chegou a 3% do mercado global (US$ 2,05 trilhões) e ficou em 7º lugar entre os países que mais gastam com tecnologia. Na frente estão Estados Unidos, Japão, China, Reino Unido, Alemanha e França. A expectativa é que no ano que vem o Brasil passe a França e assuma a 6ª posição. Na América Latina, o país representa 47,4% dos gastos.
Segundo Jorge Sukarie Neto, presidente da Abes, o país tem atualmente 11,2 mil empresas de software e serviços, cerca de 500 a mais que em 2012. O setor de software representa 97,4% do total de empresas.
A Abes e outras associações que formam a Frente Nacional das Entidades de Tecnologia da Informação (FNTI) pretendem convidar, nas próximas semanas, os candidatos à presidência da República para discutir e apresentar propostas para o setor. "Temos um ambiente de negócios muito complicado, com uma estrutura muito onerosa. Não queremos nem reduzir a carga tributária, mas reduzir as inseguranças jurídicas que afetam o setor", disse Sukarie.
Fonte: Valor Econômico